A tiróide é a «filha adoptiva» de muitos gordos, que a culpabilizam pelo seu excesso de peso. De facto, quando a tiróide funciona mal, «de menos» — o chamado hipotiroidismo — o doente tem tendência a aumentar de peso. Mas só 3% dos casos de obesidade são explicados por razões endócrinas. De um modo geral, a primeira coisa que as pessoas me perguntam, quando entram na minha clinica, é se a sua tiróide funcionará mal. Perguntam-me muitas vezes até se terão tiróide. Ora, toda a gente nasce com esta glândula. Ela pode é funcionar bem ou mal. E a percentagem de patologia da tiróide é muito pequena relativamente a todas as outras causas da obesidade.
A glândula tiróidea situa-se na fase anterior do pescoço, entre a pele e a laringe. Tem dois lóbulos, o direito e o esquerdo, com cerca de cinco centímetros de comprimento, cada um. Apesar de ter um tamanho muito pequeno, a tiróide é um órgão extremamente importante porque controla o metabolismo e é responsável pelo funcionamento normal de cada célula. Consegue-o produzindo as hormonas conhecidas por tiroxina (T4) e triiodotironina (T3), lançando-as na corrente sanguínea.
O iodo é um constituinte muito importante destas hormonas. Há quatro átomos de iodo em cada molécula de tiroxina — daí a abreviatura de T4 — e três átomos em cada molécula de triiodotironina— ou T3. Daqui podemos concluir que o iodo é um elemento importante na função da tiróide. Nas zonas afastadas do mar existe uma maior carência de iodo que, se não for compensada devidamente na alimentação, pode levar a que a tiróide não consiga produzir quantidades adequadas de T3 e T4. Para compensar a falta de iodo e, por conseguinte, a baixa das hormonas T3 e T4, a glândula aumenta o seu volume e forma o que vulgarmente se chama bócio. Ir com mais frequência à praia, nestes casos, pode servir de terapia.
Caso este aumento da glândula não compense suficientemente, a tiróide fica hipoactiva e desencadeia o chamado hipotiroidismo.
Por vezes ingere-se demasiado iodo na alimentação, levando atiróide a produzir quantidades excessivas de hormonas tiroideias.
Também determinados medicamentos podem levar a uma produção excessiva das hormonas, desencadeando o chamado hipertiroidismo.
Em pessoas saudáveis, as quantidades das hormonas T4 e T3 no sangue são mantidas dentro dos limites normais devido à acção de uma hormona estimuladora da tiróide, ou TSH. Esta hormona TSH é segregada pela glândula pituitária, uma estrutura do tamanho de uma ervilha, que se situa mesmo atrás dos olhos.
Os problemas da tiróide são muito comuns, e o hiper ou hipotiroidismo, e o aumento do volume da glândula (bócio ou nódulo tiroideu) afectam uma em cada vinte pessoas.
A maior parte das doenças da tiróide são tratadas com sucesso, e mesmo o cancro da tiróide, que é raro, não conduz necessariamente a uma diminuição da longevidade, desde que detectado a tempo e tratado convenientemente.
Todos os problemas da tiróide são mais frequentes nas mulheres do que nos homens, e existe ainda um componente hereditário a considerar.
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